quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A transferência no atendimento Psicopedagógico: um caso de amor à primeira vista.

Cybelle Weinberg

Por: Érica, Patrícia Rosa e Tiara Oliveira

A exposição e autoreflexão acerca de um atendimento realizado pela autora é o ponto de partida do interessante debate sobre transferência e contratransferência, este que permite não apenas o entendimento conceitual desses termos comuns as correntes psicanalíticas, mas uma avaliação centrada em práticas e, acima de tudo, no entendimento do papel do psicopedagogo frente aos dilemas que permeiam as dificuldades de aprendizagem na contemporaneidade, questões complexas que perpassam pela escola, família, contexto e condições econômicas e sociais.
Freud conclui que transferência é a repetição, enquanto ação, de um passado esquecido. Nas palavras da autora: “[...] é a transferência que caracteriza a psicanálise, distinguindo-a de todas as outras psicoterapias. É por intermédio da sua instalação, dentro de um setting que não é natural, e da sua interpretação pelo analista, que se desenvolve o processo analítico.” (WEINBERG, 1999, p. 48)
Para complementar esta interpretação, o autor Sidney Rissolini traz as seguintes contribuições:
“... a noção de transferência, em hipótese alguma, pode ser entendida como o conjunto da relação que o paciente estabelece com o psicanalista, nem, tampouco, como o da perturbação neste tipo de relação, o que foi posteriormente entendido por outros autores; mas apenas como um aspecto muito específico dessa relação, na qual, a partir de uma falsa ligação, e de uma maneira um tanto quanto inapropriada, a figura do médico substitui alguém do passado do paciente” (Rissolini)
O que definiria a transferência seria a falsa ligação é a substituição, na vida mental do paciente, de uma figura do seu passado, já adormecida em seu inconsciente pela figura do médico.
Segundo Weinberg (1999) a transferência pode ser positiva, sendo uma importante ferramenta de tratamento ou negativa quando se constitui em resistência ao tratamento. A autora, também, apresenta o conceito de contratransferência, o qual corresponde as reações do analista ao paciente, ou melhor, ao processo de transferência deste.
É inegável que a transferência é uma importante ferramenta na psicopedagogia, embora o psicopedagogo, não disponha de capacidade técnica e instrumental suficiente para tratá-la, não cabendo a ele interpretá-la, mas estar atento as manifestações desta. Através do vínculo afetivo que, por ventura se estabelece em uma sessão, caracterizando o vínculo transferencial é possível o estabelecimento e incentivo a novas descobertas, desenvolvimento da autoconfiança e do prazer de aprender, ao tempo que, busca-se empoderar o aprendente, restabelecendo ou elevando sua autoestima e, por conseqüência sua capacidade de autonomia.

Referências:

WEINBERG, Cybelle. A transferência no atendimento psicopedagógico: um caso de amor à primeira vista. In: RUBINSTEIN, Edith (org.). Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São Paulo: Casa do psicólogo, 1999, p.41-51.

BISSOLI, Sidney da Silva Pereira. O Conceito de Transferência nos “Estudos sobre s Histeria” (Breuer & Freud, 1895). Disponível em: < http://sites.ffclrp.usp.br/paideia/artigos/33/04.htm>. Acesso em: 16 de out. de 2010

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