quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O QUE A ESCOLA ESTÁ DIZENDO PELA VIA DO FRACASSO ESCOLAR

Postado por: Rosana Carvalho Rios


O texto de Leila da Franca Soares nos faz refletir muito sobre a importância e o papel da escola diante de um quadro de fracasso escolar.
Na maioria das vezes, por inflexibilidade ou por descaso diante dos sintomas, os alunos que não conseguem alcançar os objetivos esperados pela instituição e pelo professor acaba sendo rotulado e muitas vezes assumem consciente ou inconscientemente o papel daquele que não consegue aprender e que é incapaz de se adequar as expectativas, diferenciando-se dos demais.
Não produzir respostas similares aos demais, possuir um rendimento mais baixo do que o esperado, não atingir algumas habilidades na maioria das vezes reflete no comportamento e na auto-estima dos alunos, que assumem um papel que não deveria, o de fracassado.
O que professores, pais, instituições escolares e a sociedade quer que aquele ser aprendente, subjetivo, torne-se iguais aos demais e possa adequar-se a uma instituição que o castra, frustra e não o ver como ser único que é além e muito maior do que essa inflexibilidade quadrada dos currículos escolares e da mente quadrada de muitos envolvidos em seu processo de aprender.
O fracasso nada mais é do que um sintoma de um sistema, desesperado,  despreparado e descompromissado com o aprender, com o trabalhar com seres diferentes, com vidas diferentes, histórias, saberes, experiências e desejos diferentes.
Nesse meio de dores e delícias que deveria ser a escola, muitas vezes o aluno só conhece as dores, e acaba por não poder esbaldar-se em aprender com o outro, com as trocas de experiências, com o novo e o diferente, e porque não com o igual.
O sujeito do desejo, eternamente em falta como nos diz a psicanálise precisa sim, atingir metas, notas e números que não dizem quem de fato aquele sujeito é, poderá ser e será.
O que não devemos deixar de lembrar é que esse ser aprendente, os professores e todos que fazem parte da instituição escolar, assim como os que vão além dela, como a família, dentre outros, são seres únicos, que precisam ser vistos além do que podemos de fato ver, precisamos aprender a ir além do outro, ir além desse iceberg de gente que cada um é, todos temos apenas uma pequena parte a amostra, cercados por um mar de vontades, desejos e abaixo disso tudo somos muito mais do que se pode ver.











"E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço."
(Clarice Lispector)






"Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços o meu pecado de pensar.”
(Clarice Lispector)






"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência, e sim de sentir..."
(Clarice Lispector)





2 comentários:

  1. O fracasso escolar, bem lembrado... Pergunto-me como tratar de tal assunto, pra quem falar e como falar?
    "Ele não sabe nada!", ela costuma ouvir dos colegas sobre alunos de sua escola. Eles duvidam que um garoto possa aprender o que quer que seja e por problema dele. Essa leitora conta como tem reagido dizendo: "Ah! Não acredito que ele não saiba nada. Se ainda não lê direito, pode saber cantar, desenhar, pintar, interpretar..." Atendendo a seu pedido, tentarei mostrar como essa educadora, numa frase tão curta, já nos dá boas pistas sobre como encaminhar o problema. Porém vou lembrar as raízes históricas da atitude de estereotipar os "mais fracos" para se livrar deles.
    Esse é um trecho do artigo exibido na revista Nova Escola, outubro de 2010, é bem interessante e vale à pena lê-lo.
    Luis Carlos de Menezes
    É físico e educador da Universidade de São Paulo (USP).

    Olha esse é o bicho papão dos adultos, a ponta da agulha que fere o mais profundo brio de uma sociedade, cheia de caminhos sinuosos para se chegar a algum efeito em beneficio social. Coitadinho, família desestruturada, caos na política escolar, falta de material, professores sem formação continuada, sem consciência profissional, salário baixo, criança doente, todos loucos isso sim. Se já conhecem as causas e os sintomas, se já tem o remédio porque não usá-lo na medida certa? Por que não parar a sangria política do dinheiro destinado a educação? Cadê os nossos cientistas da área? Quem? Quem mexe mesmo com isso? Deve ser aquele que organiza essa parte... O engraçado que todos sabem como fazê-lo e por que não o faz?
    Meninas belo tema, porém triste para nós que ainda continuamos sonhando com uma educação de qualidade, acredito que nesse contexto nos inspiraremos para sermos profissionais capazes de responder e atuar nessas questões que atormenta a nossa sociedade.
    Avante crianças!
    IARA MARIA
    pedagoga

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