sábado, 30 de outubro de 2010

A Psicanálise lê a infância - Daniela Bittencourt

 Reflexão sobre o texto de Daniela Bittencourt
A sociedade atual tem investido mais na educação infantil e na formação dos profissionais que atuam com crianças de 0 a 6 anos (primeira infância).
A atuação dos profissionais de educação infantil envolve cuidados, brincadeiras e aprendizagens intencionais de forma integrada.
Com a contemporaneidade e a globalização está ocorrendo o encurtamento da infância e o prolongamento da adolescência. Desta forma é primordial que a escola valorize o brincar rompendo velhos paradigmas e construindo novos que atendam as necessidades do sujeito contemporâneo.
Ornellas “ cabe a escola a tarefa de escutar as crianças e jovens no sentido de reconhecer a singularidade de cada um, buscando entre autoridade e o afeto um jeito novo de educar.”
A psicanálise chama de “sintoma social” “o artifício que o sujeito constrói para lidar com aquilo que ele não pode resolver, o sintoma que se evidencia é uma tentativa de simbolizar o real que emerge com tal “; a infância hoje tornou um “sintoma social” devido as suas transformações no mundo atual (a infância começou a desaparecer na modernidade ou as crianças se tornaram pequenos adultos).
“Há lugar para a infância? Há lugar para a estruturação do sujeito do desejo?”
A escola tem seu papel importante nesse processo, a relação pedagógica não está unicamente orientada pela transmissão de conteúdos, mas pela qualidade da relação afetiva entre professor e aluno, processo que envolve racionalidade e afetividade, pois são sujeitos cognitivos, afetivos e sociais.
Através da brincadeira que a criança pode descobrir-se capaz de sentir, desejar e pensar, por isso a importância da escuta sensível do professor na arte do brincar.
O brincar proporciona a criança a compreensão de seus afetos em contato consigo mesmo e com os outros, a criação do mundo próprio (Freud), é o momento de dominar as angústias, controlar as idéias e/ou impulsos. Para o professor cabe a responsabilidade de planejar espaços e tempos para este tipo de brincadeira, se permitindo uma escuta sensível.
O brinquedo seria um objeto transicional no qual a criança deposita seus afetos para superar algumas situações, ao brincar a criança assume o controle  da situação e ressignifica sentimentos na tentativa de (re) elaborá-lo  de acordo com suas possibilidades afetivas e cognitivas. Lacan conceituou esta situação de “amódio...afetos tecidos de forma ambivalente e ambígua no prazer e desprazer.”
“ Conquanto seja fácil perceber que as crianças brincam por prazer, é muito mais difícil para as pessoas verem que as crianças brincam para dominar angústias, controlar idéias ou impulsos que conduzem a angustia se não forem dominados.” Winnicott (1982).
Desta forma, a ideia equivocada que perpassa na sociedade e na própria escola, de que a brincadeira é sinônimo de não seriedade deverá ser desconstruída. Pois a idéia de brincar deve ser empreendida e legitimada como viés concreto, meio único e singular de aprendizagem, de desenvolvimento da criatividade e da autonomia, pela qual a criança estrutura-se e inscreve-se.

Sarau Litarário:
Apresentação: Clipe Balão Mágico – Música  Superfantástico -

Brincadeira: Cacique


Equipe: Ana Paula Barros, Carla Pessoa, Daiane Silva

2 comentários:

  1. Parabéns meninas, mexer com o espaço social da criança com tanta propriedade merece aplausos. A atividade na sala nos reportou para momentos importantes da nossa infância, de construção dos nossos saberes como a troca de energia, o toque, é muito importante sabemos que a partir das brincadeiras muito dos nossos pensamentos vão tomando forma, articulando esquemas estruturando maneiras e de agir. Prezo muito as crianças que brincam de maneira rústica, construindo materiais não direcionados por nós. Acho que é importante deixá-los criar Oferecer materiais e esperar o que de possível programar, gosto de experimentar a descoberta deles. A criança se sente importante com muito pouco, por que não aproveitar momentos assim? A auto-estima nesse momento brilha de forma construtiva... Gostei do resgate de memória e a viagem que fizemos nesse balão.
    Iara Maria

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